sábado, 19 de dezembro de 2015

VALE A PENA LER DE NOVO Classe dos “Mautoristas”!

Classe dos “Mautoristas”!

quebra asa
Discussões sobre motoristas dando quebra de asa, usando drogas, alterando seus caminhões estão cada vez mais constantes na mídia. Aproveitando o momento, resolvi escrever um texto sobre a minha opinião sobre a maioria (e não toda) classe estradeira.
O texto pode ficar longo, mas não teria como eu resumir em poucas palavras o que acho da classe dos motoristas de caminhão de hoje em dia.
Há uns 9 meses atrás eu estava tranquilo em casa, assistindo TV quando recebi uma ligação do meu pai, bem frustrado, nervoso que quase não conseguia falar ao celular, me pedindo para anotar o numero da frota de um caminhão, um telefone e sua respectiva placa e modelo, e me explicou o que havia ocorrido para eu então repassar a transportadora do veículo portador da frota X. Segue o que ocorreu e o que eu relatei  ao gerente da transportadora:
“Meu pai estava conduzindo uma combinação de caminhão mais carreta bitrem carregado com 37 ton. de ácido sulfúrico quando entrou em uma região com bastante declives e aclives (subidas e decidas), a estrada não possuía acostamento, com velocidade controlada de 80Km/h meu pai não passava dos 83, quando viu que havia um caminhão X querendo ultrapassa-lo de qualquer maneira, meu pai não podia fazer nada, pois não havia acostamento nem espaço que dava tempo do veículo X Ultrapassa-lo. O veiculo X tentava de todas as maneiras, saia, voltava, saia, até que em uma tentativa perigosa conseguiu ultrapassar meu pai, porém o motorista que conduzia o caminhão X achava que era obrigação do meu pai sair para o acostamento, e resolveu se vingar. Em um dos aclives mais acentuados ele diminuiu a velocidade e quando meu pai se aproximou (na primeira metade do aclive) ele freou seu caminhão, obrigando meu pai a parar encima da pista, em um aclive, carregado, se não fosse a pericia adquirida depois de 40 anos de estrada do meu pai ele teria danificado a parte mecânica do caminhão ao tentar arrancar no aclive, ou na pior das hipóteses se desesperado e sofrido um grave acidente.”
Passado o numero da frota e da placa do caminhão X, o gerente da empresa Y já me informou quem era o motorista, que ele já havia recebido outras reclamações e que ia tomar medidas drásticas (e tomou), depois de algum tempo fui informado que o motorista ganhou suas contas e estava desempregado.
Esse fato ocorreu com a pessoa mais próximas da minha vida (meu pai), mas eu vejo toda semana, todo dia, fatos envolvendo motoristas de caminhão dando “quebradas de asa” usando drogas, e fazendo coisas longe de serem consideradas atitudes de um profissional. Me da raiva, e ao mesmo tempo eu acho graça, de motoristas que acham bonito sair dando quebrada de asa, vestindo mascaras para apavorar na pista (e depois sair inventando história que foi os PRF que mandou ele vestir, por favor né?). Eu acho bonito caminhão equipados, arqueados, “qualificados” como dizem por ai, mas isso não é sinônimo que você tem que correr, sair jogando os outros para o acostamento, entre outras babaquices que esses “ninjas” se acham no direito de fazer.
Show de sujeira!
Show de sujeira!
E como se não bastasse a falta de educação na estrada, esses motoristas podem dar aula de “má índole” por onde param, já cansei de ver e ouvir histórias de motoristas destratando caixas de posto, balanceiros, porteiros entre outros profissionais que tem de conviver com eles. Se vestem mal, hoje todo restaurante de beira de estrada tem um aviso “proibido entrar sem camisa”, isso não precisava de ter, é questão de bom senso, mas garanto que se você tirar, um motorista entra sem camisa no seu restaurante.
Pelo salário que ganham (no mínimo 2300 R$) os motoristas tinham de ter no mínimo uma boa educação, suas condições de trabalho não são das piores (nem as melhores), porém tem muito profissional por ai que recebe nem a metade do que um motorista recebe, tem um trabalho dez vezes mais insalubre  e tem cem vezes mais educação. Ficar longe de casa não é desculpa pra nada, afinal, você que escolheu essa vida, viajar não é ruim, pelo contrario você fica rico em cultura, conhece lugares e pessoas novas (sei isso por experiência própria). Mas não tem jeito, o motorista viaja, fica mais e mais ignorante, se acha o dono de tudo e de todos.
Depois muitos vem me falar da valorização da classe dos motoristas, e eu digo só uma coisa, “valorização do transportador, e não do motorista, o motorista já é muito bem valorizado”. E SIM é valorizado, porque hoje querendo ou não na grande maioria do território nacional temos estradas com infraestrutura mínima para atender os motoristas, temos caminhões com tecnologias iguais as Europeias com luxos pouco vistos em carros Premium, diferente de antigamente que era só estrada de chão, caminhões com caixa seca e com suspensão de trator. Valorizado tem de ser o transportador, que entrega um bem de 450 mil á 1 milhão de reais na mão de um ser humano que não tem ensino fundamental completo e acha que tem direito a tudo acima de todos (sem falar nas leis trabalhistas que os asseguram de tal “fato”), e saem dando quebrada de asa, usando drogas e colocando em risco famílias inteiras.
Imagem cada vez mais rara de se ver nas estradas!
Imagem cada vez mais rara de se ver nas estradas!
Confesso que já fui um defensor da classe, falava que não era assim, que a classe era boa, porém a gente cresce e vê as coisas com outros olhos, e confesso que cada dia fico mais triste com as coisas que vejo.
Saudade do tempo em que os caminhoneiros eram companheiros, de almoçarem nas gavetas de cozinha, reunidos, tomando chimarrão ou café, no tempo que não existia drogas, que o radio PX era uma ferramenta de ajuda e amizade e um meio de comunicação com a família, e não uma ferramenta de discórdia e xingamentos que é hoje. Saudade do companheirismo, das boas histórias e da velha imagem dos motoristas, motoristas como foi meu pai, e muitos pais de leitores por ai, verdadeiros Caminhoneiros.
Cada dia mais pego mais nojo dessa classe chamada MOTORISTA, que tinha tudo pra ser unida, mas não é, que é bem remunerada mas não da valor no que tem, que tem tudo para ser educado e valorizado, mais não faz a mínima questão de aprender a se valorizar.
Nesse ultimo parágrafo queria dizer que por mais que eu ame caminhões, cada dia mais eu penso em ter 1 ou 2, para deixar guardado na minha garagem, e sair com ele quando quiser. Aquela imagem que o pessoal tinha dos motoristas, não eram motoristas, eram Caminhoneiros, Caminhoneiros que cada dia mais se transformam em figuras Folclóricas da nossa cultura popular, e dão lugar a Motoristas que fazem parte das paginas policiais!
Obrigado!
H. David
FONTE blogdocaminhoneiro

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