Clientes contemplados ficam com o caminhão novo e repassam os usados aos motoristas agregados
Dilene Antonucci e Nelson Bortolin
Diante de um mercado de caminhões em baixa e das
restrições de crédito para autônomos e pequenos frotistas, o Consórcio
Scania propôs e alguns grandes transportadores, seus clientes, já
aderiram a uma forma de fazer negócios que facilita a renovação da
frota. A solução é simples: ao ser contemplada, a transportadora fica
com o veículo novo e repassa o consórcio para continuar sendo pago por
um motorista agregado, em troca de um caminhão usado. Ou seja: o
agregado adquire o seu caminhão seminovo para pagar em prestações
mensais.
Um dos primeiros a utilizarem esse sistema, o
presidente do Grupo G10 de Maringá, Cláudio Adamuccio, vê vantagem para
todo o mundo. “Essa solução ajuda a impulsionar as vendas de caminhões
novos, ajuda as transportadoras a renovarem suas frotas e o caminhoneiro
a obter um crédito barato na compra de seu seminovo”, ressalta.
A aprovação da transferência não é automática. O
cadastro do novo titular será analisado pelo Consórcio Scania. Mas,
conforme explica o diretor da empresa, Ricardo Vitorasso, a experiência
do Consórcio Scania nesta modalidade, com mais de 50 mil veículos
entregues, facilita a análise e aprovação dos cadastros. “Os bancos não
têm interesse em emprestar dinheiro para a compra de veículos usados”,
afirma.
O custo da operação também é mais razoável. Enquanto
no Procaminhoneiro os juros são de 6% ao ano e no CDC chegam a 30% ao
ano, no consórcio as taxas são de 11,5% diluídas em todo o contrato. “O
mercado hoje sufoca o frotista na hora de vender seus seminovos. A gente
está de olho no dia a dia do cliente, vendo suas necessidades. Por
isso, conseguimos chegar a essa solução”, afirma o diretor.
Para Adamuccio, que mantém um departamento de venda
de seminovos, o novo sistema mostrou-se um grande facilitador de
negócios. “Tem ajudado a gente a repassar os veículos”, diz o
empresário. O G10 vende seus caminhões para funcionários que deixam o
grupo e passam à condição de terceiros. “A gente busca apoiar,
principalmente os que prestaram bons serviços”, conta.
Outro empresário que já se beneficiou do repasse de
cotas foi Valdir Tombini, do Grupo Tombini, cuja matriz fica em Palmitos
(SC). Nos negócios feitos pela transportadora, segundo ele, o valor das
cotas era bem parecido com o do caminhão usado, “um pouquinho mais, um
pouquinho menos”. “Vou dar um exemplo: hoje, foi contemplada uma cota
minha. Eu chego para o autônomo e digo: ‘tenho aqui uma carta de crédito
de R$ 150 mil, e um caminhão que vendo por R$ 140 mil, R$ 160 mil’.” A
diferença é acertada entre as partes.
Tombini ressalta que a avaliação para aprovação da
transferência é feita pelo consórcio, que analisa o histórico do novo
cliente para garantir a continuidade do plano.
Elcimar Vieira, gerente comercial da transportadora
Jolivan, de Iconha (ES), conta que a nova modalidade “viabilizou o
negócio com usados”. “Fica interessante para quem compra porque no
consórcio só tem a taxa de administração”, afirma. Ele calcula que uma
prestação de um caminhão que custe R$ 180 mil sairá por R$ 5.800 num
financiamento convencional e R$ 3.750 no consórcio – ambos com prazo de
financiamento de 48 meses. “O dono da cota pode usar o poder de
barganha, já que o negócio fica bom para o comprador, e cobrar até R$
200 mil pelo caminhão. Ganha o motorista pagando menos e ganha o
frotista conseguindo um melhor preço no seu usado”, declara.
Vieira ainda ressalta que o Finame para compra de
usado é igual a cabeça de bacalhau, “existe, mas ninguém viu”. A Jolivan
tem 860 caminhões e 180 agregados. E já vendeu cerca de 20 veículos
pelo novo sistema.

CARGA PESADA
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